terça-feira, 26 de abril de 2016

26 de Abril

A sublime entrada de ontem do Luís Gaspar toca no assunto óbvio da data em que foi escrita. O tema da Liberdade é-me especialmente caro e é-o com tal precocidade que julgo tratar-se de uma determinação genética. Descobrindo a metafísica de duas séries televisas que não acompanho, o texto do Luís leva-nos à questão "qual é o valor da Liberdade?". E, se bem o percebi, coloca-a onde eu acho que ela deve estar: como um fim em si mesma. A resposta é consensual a 25 de Abril. A 25 de Abril somos todos pela Liberdade e declaramo-nos dispostos a lutar por ela; honramos quem a defendeu e se sacrificou por ela. A 26 de Abril nem tanto. Murchos os cravos da véspera, somos mais adeptos da pirâmide de Maslow e defendemos o mesmo preceito das tropas colaboracionistas da série Colony. A Liberdade é um valor bonito para constar na Constituição, mas sucumbe facilmente a um prato de comida. O Luís Gaspar cita um ditado (creio que é uma frase de Rosa Luxemburgo, embora por outras palavras), segundo o qual só aqueles que não se mexem é que não sentem as grilhetas. Que - a lógica é tramada - não equivale a dizer que só sente as grilhetas quem se mexe. Muitos entre nós estão imóveis. Entre eles, alguns sofrem a ausência de movimento.

3 comentários:

  1. O PS, o PCP, e o BE são tão "a favor" da liberdade de expressão, que, ultimamente, andamos sempre a discuti-la e quase à bofetada...

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  2. Sara, sob "anestesia" parcial não se sente as grilhetas na parte "anestesiada" e esta possibilidade exclui a existência de contradição podendo admitir-se que é um paradoxo, figura que se ajusta melhor ao estilo do Luís.

    Há cerca de seis anos apareceu na Calçada da Glória, em Lisboa, uma frase utópica que aludia a esta situação: "quem está anestesiado não estrebucha". Não é isso que acontece na elaboração de algumas leis e na aplicação de outras?

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