quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Contemplando a produtividade do trabalho

Hoje de manhã, a caminho do trabalho, estava a ouvir o programa de rádio The Diane Rehm Show acerca das relações entre os EUA e o México, quando um dos intervenientes falou da questão de crescimento económico e disse que, necessariamente, tem de haver um crescimento na produtividade do trabalho para que a economia mexicana cresça e para que não haja um abismo tão grande entre os EUA e o México. Isto levou a que eu pensasse na produtividade do trabalho em Portugal e acordou na minha memória dois episódios que se passaram comigo e que passo a relatar.

Pelo Natal de 2013, enviei ao meu afilhado em Portugal um tablet barato que comprei e enviei através da Amazon.com. A Amazon deu-me a opção de eu pagar as taxas de alfândega aquando da encomenda e eu paguei. Passados uns dias, começei a receber emails da UPS, a companhia encarregada do envio, mais propriamente dos gabinetes da UPS em Portugal. Queria a UPS que eu fornecesse o número de contribuinte do meu afilhado, que tinha na altura 12 anos, para que o pacote pudesse ser entregue. Obviamente, eu não tenho o número de contribuinte de toda a gente a quem eu envio pacotes. No decorrer deste incidente, falei com três empregados da UPS em Portugal. Perguntei-lhes porque razão precisavam do número de contribuinte quando a encomenda era uma oferta e as taxas de alfândega já tinham sido pagas--note-se que, para efeitos de alfândega, pacotes cujo valor excede €45 têm de pagar taxas. Responderam que era a lei. O assunto só foi resolvido ao fim de vários dias, depois de falarem ao telefone com a minha irmã e ela ter fornecido o número. Pergunto-me o que foi conseguindo por todo este esforço. Os impostos foram pagos ao estado português, não havia nada de irregular com o pacote, pois era um produto permitido por lei, logo para quê tanta burocracia? Serve os interesses de quem?

No outro episódio, que ocorreu há dois ou três anos, perdi a senha de acesso ao Portal das Finanças e precisava de uma nova. Note-se que, para efeitos das Finanças, eu tenho um procurador em Portugal como exige a lei, mas julgo que há muita coisa que eu posso tratar sem ter de incomodar o meu procurador. Enviei um email às Finanças a perguntar como é que eu deveria proceder para obter acesso ao Portal das Finanças, pois eu precisava de entregar a declaração de IRS brevemente e eu estava fora de Portugal. Responde-me o empregado com um email "formato enlatado" a dizer-me para eu me dirigir à minha Repartição de Finanças--reparem que eu tinha informado no meu email inicial que não estava em Portugal. Fiquei muito zangada com esta resposta. Se é para enviar email "formado enlatado", porque razão pagamos nós o salário a uma pessoa que não lê os emails que nós enviamos e não personaliza a resposta à nossa pergunta e à nossa situação em particular? Enviei uma resposta a pedir esclarecimento e, mais uma vez, a expor a situação. Recebi mais outra resposta, que não me resolvia o problema. Desta vez, fui à Internet, procurei o email do gabinete do Ministro das Finanças e enviei um email a expor a situação e a perguntar porque é que o estado português, que tem falta de dinheiro, dificulta tanto a vida a quem lhe quer dar dinheiro. O problema foi finalmente resolvido.

Não percebo a razão de ser das pessoas não poderem resolver coisas tão banais num número mínimo de passos. Exactamente, qual o efeito de todo este esforço adicional no PIB português?

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