terça-feira, 9 de julho de 2013

O fim da classe média

A existência burguesa assentava na instituição da carreira – um caminho que se percorria ao longo de toda uma vida de trabalho. As profissões e as ocupações activas estão a morrer e, provavelmente, serão em breve coisas tão velhas e arcaicas como os estatutos e as ordens dos tempos medievais. Em bom rigor, ninguém sabe aquilo que o futuro nos trará. Tirando meia dúzia de lunáticos, já ninguém acredita na possibilidade de planos de longo prazo. As carreiras, os regimes de pensões parecem hoje um jogo de lotaria. Os (poucos) realmente ricos são os únicos a salvo de uma queda brusca na pobreza. Os outros – que somos todos nós – vivem incertos quanto ao dia seguinte. O igualitarismo do pós-guerra foi apenas um interregno. Hoje, quase toda a gente vive em condições melhores, mas a existência instável da maioria está tão longe das condições em que vivem os mais abastados como na época vitoriana. O fim da classe média é isto: a impossibilidade de fazer planos para o futuro, porque já não há garantias de nada, nem ninguém pode garantir nada.

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